quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Vens...?

No fundo sabia que não percebias quando te perguntava pelo caminho. Não percebias quando te pegava na mão, quando te olhava nos olhos e permanecia em silêncio. Não percebeste a sombra no meu beijo nem quando deixaste de estar em mim.
Lembro-me quando, um dia, me pediste uma fotografia do meu amor por ti. Vesti-o da cor do tempo e procurei que o reconhecesses em ti, sobretudo que te reconhecesses em mim. Rasgaste todos os meus retratos. Porque o meu amor tem as cores da sepia e tu nunca deixaste de procurar as tuas cores.
Caminhei descalço por todos os lugares que foram nossos, porque eu conhecia-os de cor. Procurei por ti e olhei-te nos olhos. Estendi-te a minha mão, apontei-te um caminho, violei códigos de silêncio e segredei-te ao ouvido: “Não largues o meu olhar. Vens comigo?”
Apenas os meus passos ecoaram no espaço. Não vieste.


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