terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Guarde um lugar…




Guarde um lugar! O teu lugar em mim, aquele que tantas vezes me neguei. Aquele que tantas vezes te neguei. Foram tantas as que por mim passaram, foram tantas as que por mim quis que ficassem. Mas apenas tu aconteceste em mim. Apenas tu que me lês silenciosamente nesta sucessão de intimidades desavindas...






segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Curitiba, de costas

O texto publicado, remete o sentimento que, muitos como eu e M.M.J ( pois temos semelhanças nas migrações), imputamos a nossa amada e odiada Curitiba.
Como gaúcho levo as tradições no cerne de minha alma. Mas fico longe de qualquer "rótulo".
E me cansa esse orgulho "gaúcho,"levantado por medíocres e xenófobos. Em Curitiba sou apenas curitibano. E longe dela, também sinto saudades...

Olho Curitiba, de costas. Sinto saudades. É estranho partir deste lugar e sentir falta. Curitiba foi feita para ser abandonada, cidade chata, modorrenta, sem identidade cultural, sem um povo caloroso. Cidade sem nada. Não importa. Sinto saudades.Cheguei há muitos anos. Vivi antes numa cidade muito pequena (5 mil habitantes) e em outra muito grande (mais de 10 milhões de habitantes). Curitiba foi uma escolha apenas conveniente. Só isso. Mas, com o tempo, virei seu filho.Falo mal de Curitiba, o que é muito curitibano. Reclamo do trânsito. Prefiro a cidade calma onde cheguei pela primeira vez. Não consigo definir o que é ser curitibano. Mas amo este lugar, porque não há cidade onde se é mais livre de estereótipos. Não há uma música curitibana. Aleluia... Não há uma cultura curitibana. Viva...Somos tudo e nada no mundo. Isto é o que nos singulariza. Todas as culturas, todos os sons, todas as misturas vivem em um curitibano ciente de si.Tenho pena dos que estão presos à imagem que fazem de si mesmos: mineiros, paulistas, gaúchos, baianos, sertanejos, etc, etc, etc. Só um curitibano de coração é livre.Eu sou livre. Apesar das saudades.

Postado por M.M.J em , 18/12/2008

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Vens...?

No fundo sabia que não percebias quando te perguntava pelo caminho. Não percebias quando te pegava na mão, quando te olhava nos olhos e permanecia em silêncio. Não percebeste a sombra no meu beijo nem quando deixaste de estar em mim.
Lembro-me quando, um dia, me pediste uma fotografia do meu amor por ti. Vesti-o da cor do tempo e procurei que o reconhecesses em ti, sobretudo que te reconhecesses em mim. Rasgaste todos os meus retratos. Porque o meu amor tem as cores da sepia e tu nunca deixaste de procurar as tuas cores.
Caminhei descalço por todos os lugares que foram nossos, porque eu conhecia-os de cor. Procurei por ti e olhei-te nos olhos. Estendi-te a minha mão, apontei-te um caminho, violei códigos de silêncio e segredei-te ao ouvido: “Não largues o meu olhar. Vens comigo?”
Apenas os meus passos ecoaram no espaço. Não vieste.


segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Todas as coisas

Minha senhora do sobrado! Todo meu amor e gratidão.

Diga-me, é melhor mudar a minha vida?
E diga-me mãe...
Quero viver a sua vida eu mesmo.
Ou voltar e reorganizar a minha?
Diga-me como é a liberdade?
Eu estou pensando em você.
E todas as coisas que você queria que eu fosse.
Eu estou tentando agora.
E eu estou pensando em você.
Diga-me...
Há cores, nas sombras mais profundas?
Se houver grande sucesso e dinheiro.
Será que o sol brilha de noite e de dia?
Não mais dormir?
Não mais chorar?
Estou pensando em você
E todas as coisas que você queria que eu fosse
Eu estou tentando agora
Diga-me mãe, é a maneira como eles vivem?
O que está faltando no caminho?
Eu estou lhe faltando hoje?
Diga-me que ainda está me ouvindo.
Eu estou pensando em você.