domingo, 18 de janeiro de 2009

Silêncios...

Ainda me lembro de te sentir tão perto. Lembro-me de como era olhar-te nos olhos e saber que me ia encontrar no lugar mais profundo do teu olhar. Ainda me lembro do modo como o teu silêncio percorria o meu corpo. E era tão sutil esse teu silêncio incondicional e persistente que me despia de palavras e revelava a nudez dos meus erros. Trazias em ti as metáforas do silêncio e abandonavas as palavras. Muito banais e efêmeras. Sempre preferiste o silêncio e levaste-me a crer que preferias o meu silêncio no qual procuravas refúgio. Porque tiveste tanto medo? Partilhávamos este pacto de cumplicidades em silêncios e rotinas. Porque tive tanto medo..? Preenchíamos os espaços vazios do silêncio e deixávamos arder as palavras. Davas asas ao fascínio do tempo e juntos, assistíamos ao silêncio que ressurgia da espera das horas. São pássaros de fogo que iluminavam todos os lugares que um dia foram teus e hoje pertencem a ninguém. Hoje apenas são recordações de pretéritos e vestígios de aquilo que um dia eu julguei que fomos.

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